Por Roberto Dias Duarte.
O uso de tecnologia RFID (sigla que em inglês significa "Radio-Frequency
Identification") vem crescendo visivelmente no varejo brasileiro, e isto
deve trazer muitos benefícios adicionais à redução de perdas e prevenção de
fraudes que pequenos dispositivos do gênero já proporcionam ao mercado.
Em bom Português, a identificação por radiofrequência é a tecnologia que
utiliza sinais de rádio para armazenamento e transmissão de dados por meio de
um conjunto composto basicamente por sensores - instalados em pontos
previamente definidos - e etiquetas - fixadas tanto nos estoques quanto nas
áreas destinadas à exposição dos produtos.
Utilizando aparelhos especiais de leitura, várias tarefas operacionais podem
ser automatizadas com grande precisão. Inventários, movimentação de cargas e
até mesmo as operações de checkout tornam-se bem mais eficientes, por exemplo.
Estima-se ainda que 40% das perdas em supermercados brasileiros decorram de
furtos, 43,4% deles praticados internamente. As etiquetas RFID também agem de
maneira efetiva na prevenção destas ocorrências, seja qual for sua
origem.
Brevemente, porém, aplicações do gênero devem ganhar uma nova dimensão entre
nós, graças ao Brasil-ID, projeto que está sendo implantado pelo Ministério da
Ciência e Tecnologia, em conjunto com a Receita Federal do Brasil e as
Secretarias de Fazenda dos Estados, visando rastrear e autenticar mercadorias
postas em circulação País afora.
Outro projeto em gestação é a Nota Fiscal Eletrônica de Consumidor, que já está
sendo testada em seis Estados. A NFC-e, como é mais conhecida, representa uma
evolução da Nota Fiscal Eletrônica, implantada no Brasil a partir de 2006, e
que, em setembro de 2012 -apenas seis anos após seu início - atingiu a marca de
890.849 emissores, com um montante de 5,4 bilhões de documentos
autorizados.
Seus princípios são os mesmos da NF-e: uso de certificado digital para validade
jurídica; acompanhamento do DANFE, documento auxiliar impresso que
representa o original digital; e uma série de procedimentos de
contingência.
No varejo, poderá simplificar significativamente o checkout das lojas e reduzir
os custos burocráticos e tecnológicos inerentes à aquisição e manutenção dos
atuais equipamentos de emissão de cupons fiscais.
Finalmente, o Banco Central e o Ministério das Comunicações já avançam na
discussão de propostas adequando a legislação brasileira aos sistemas de
mobile payment, ou pagamentos móveis, por meio de telefone celular, como tem
sido largamente divulgado. Em breve, portanto, teremos um Projeto de Lei ou uma
Medida Provisória definindo regras sobre o tema.
Enfim, enquanto muitos empreendedores ainda teimam em acreditar que o SPED seja
assunto restrito a profissionais das áreas tributária e tecnológica, o futuro
do varejo brasileiro passa por uma profunda transformação, patrocinada pelos
desdobramentos naturais desse processo.
O uso integrado de NFC-e; Brasil-ID e mobile payment vai proporcionar um novo
patamar de gestão e atendimento para o setor ,indo certamente muito além da
redução de custos e melhoria de rotinas.
A realidade está definida por uma verdadeira destruição criadora, ao melhor
estilo do pensador austríaco Joseph Schumpeter, sob a égide da inovação
decorrente de novas tecnologias que servirão de base para um novo padrão de
competitividade.
Acreditar ou não nessa revolução silenciosa é assunto ultrapassado. O
importante é começar a entendê-la e preparar o varejo para esse enorme salto de
produtividade.
Roberto Dias Duarte é administrador de empresas, palestrante e professor de
pós-graduação da PUC-MG e do Instituto IPOG. Sócio do Portal Dia a Dia
Tributário (www.diaadiatributario.com.br).
Fonte: Portal Dia a Dia Tributário
Extraído: José
Adriano
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